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domingo, abril 02, 2006

Hung Up

Ontem digamos que foi o dia e noite da minha catarse. O dia em que frases soltas fizeram todo o significado.

Numa noite, junta-se música, tristeza, raiva, alegria, bebida, gays, amigos e ex namorados e a que é que isto nos pode levar? À loucura. Nunca estive sob o efeito de drogas mas o momento vivido ontem à noite foi de plena loucura em que não conseguia parar.

Ontem cheguei à conclusão que mais uma vez a culpa de estar assim não é de duas pessoas mas sim de quase só uma pessoa. Eu próprio.


Friamente poderei dizer que não fui mais do que um rato cobaia para alguém aprender a amar. Dei amor em que este foi confundido com passividade e inércia. O querer agradar em tudo, fazendo tudo em prol de outra pessoa foi visto como falta de personalidade.
Contudo, continuei amar quem fez os possíveis para o conseguir também, sem sucesso. Talvez só hoje a pessoa se tenha apercebido disso. Mas também sei que essa pessoa pouca culpa tem. Afinal, a vida é mesmo assim. Ninguém manda nos corações de ninguém. Nem mesmo dos nossos.

O que me entristece (embora compreenda perfeitamente pois também eu aprendi muito com esta relação) é ver a vida amorosa de outra pessoa facilitada após feita a experiência com a cobaia. Ao contrário do que toda a gente pensa não é o facto de ver essas duas pessoas juntas. É ver coisas que antes não podia fazer e agora a nova pessoa faz e até acham graça. É ver o respeito que lhe é dado, as ofertas dadas, as vontades realizadas, a atenção, a admiração e os elogios. É simplesmente, ver o amor que não me foi dado.

Custa-me mais uma vez sentir que não passei de algo como se fosse um objecto pela vida de uma pessoa.
Ainda não aprendi a conquistar o amor quando me dão algo em troca parecido. Penso logo que é amor e então tento construir algo que não existe em vez de conquistar.
Existe sempre o gostar de alguém, o carinho com o qual eu sempre confundo com amor quando vem da outra parte. Mas porque será que todos confundem e eu não? Porque será que tenho tanta facilidade em amar ao contrário das outras pessoas?
Conheço pessoas que até à pouco tempo não tinham conseguido amar. Então porque eu amar sempre?

A simples frase que alguém me disse ontem fez-me concluir tudo - Ouviste o que ele disse? Eu nunca te ouvi dizer nada assim.

Finalmente rendo-me às evidências que a minha cegueira nunca deixou ver. Têm alguma razão. Mas o culpado sou apenas eu, mais ninguém.

Perdoem-me as pessoas que estão expostas neste post mas tinha de o escrever pois, pela primeira vez, não consigo desabafar com ninguém o que me vai na alma.
A ambas as pessoas quero dizer que gosto sinceramente de vocês. À pessoa que esteve comigo desejo toda a felicidade do mundo neste amor. Vejo que estás na plenitude e fico feliz por ti. Embora não possa ser hipócrita e dizer que fico feliz por mim. À pessoa que pouco conheço não tenho nada contra. O pouco que conheço gosto e por isso aqui fica a minha admiração por ela. Sejam felizes! São os meus desejos sinceros.

Parece que estou a fazer uma despedida* mas é isso mesmo que quero fazer. Pois, pela segunda vez na minha vida estou à beira de um esgotamento e não quero que isso aconteça. O facto de, esta semana, ter começado a ver tudo distorcido e com dores de cabeça fortes fizeram-me concluir que tenho de me levantar de uma vez por todas. A única coisa a manter será mesmo as horas de trabalho por mais dois meses.
Muitas mais coisas se passaram mas não são para comentar pois não quero que tenham pena de mim. Apenas quero desabafar. E a escrita no meu blog tem sido o meu escape. Embora de agora em diante, tenciono direccioná-lo ao objectivo que me propus no meu primeiro post.

Acredito que depois do dia de ontem tenha ficado finalmente curado no aspecto de afastar todos os pensamentos que me levam a cair. Há que conviver com uma vida rechiada de fracassos, a nível profissional e amoroso, e procurar sucessos em ambos os campos. Aprender com o passado mas não ficar nele. Viver a vida para frente e olhar o passado com carinho.

P.S. - Apesar de poder parecer que me arrependo da relação que tive, jamais me arrependerei. Tudo o que foi vivido foi com muita sinceridade e honestidade a nível de sentimentos de ambas as partes. Valorizo imenso a pessoa em si e as coisas a mudar, ela já mudou.

* - A despedida acima referida refere-se a pensamentos e conversas. Obviamente que não é às pessoas envolvidas.

2 Comments:

  • Para nos contruirmos, precisamos primeiro que tudo de nos desconstruir.
    Não tenhas medo de sentir e de falar sobre as coisas. Estes últimos posts têm mostrado isso... Não te estás a lamentar, nem muito menos à beira de um esgotamento, estás apenas a canalizar o que sentes e se somos feitos de coisas boas, coisas menos boas também fazem parte de nós (desilusões, relacionamentos acabados, sensações de objectificação, ciclos de baixa estima... Sei lá). Tudo faz parte de nós e é isso que nos completa enquanto seres humanos, por isso ñ receies explorar tudo aquilo que és, só assim te vais conhecendo bem.
    Acho que fazes bem em desconstruir aquilo que está instável dentro de ti. Pergunta. Fala. Desabafa. Sê tu próprio. É assim que começa o primeiro passo a te conheceres e a gostares do que vês e, portanto, a quereres o melhor para ti... Por isso: The only way is up ;)

    By Blogger G., at 02 abril, 2006 16:33  

  • Desculpa se neste fim de semana não estive tão próximo como gostaria ou como deveria ter estado.

    O teu estado de espírito, espero, está um pouco mais elevado. Espero também que te consigas libertar dos fantasmas que não te deixam seguir em frente.

    E não penses que falhaste ou a outra pessoa falhou. Foi a vossa experiência em conjunto. Ficou o bom. O mau também ficou, como futura referência.

    É bom que ponhas tudo em perspectiva. É bom que deixes de te martirizar de uma vez por todas por uma situação que já pertence ao passado.

    Abre as asas e voa.

    By Blogger Micronauta, at 02 abril, 2006 23:38  

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