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terça-feira, abril 25, 2006

O Desespero do Atendimento a Ignorantes

Nunca fui muito patriota mas confesso que não gosto de ver a maior parte das pessoas que me rodeiam a dizer que este País é uma desgraça e naquele é que é bom, etc, etc. Algumas dessas pessoas nada fazem para que o País evolua, muito pelo contrário. Não fazem por evoluir na vida, no trabalho, na relação para com as outras pessoas...Preferem dizer mal de tudo e de todos.

Vários foram os estudos feito a países europeus em que o resultado foi sempre o mesmo: Portugal é o país mais pessimista da Europa.

Sei que Portugal não é o melhor país do mundo, também eu me queixo, por vezes, mas não nos podemos esquecer que o resto do mundo também não está muito melhor.

Bem, mas tudo isto que escrevi é para agora dar razão à maior parte das pessoas. Ou seja, para me contradizer um pouco. Isto porque quero dar-vos a conhecer a ignorância "divertida" das pessoas que atendo numa linha de apoio técnico da PT Comunicações.

Nunca em tão curto espaço de tempo (3 meses) tinha atendido tantas pessoas ignorantes. Não o estou a dizer em sentido pejurativo mas é um facto, infelizmente.

Uma das situações refere-se a uma senhora que tinha adquirido um telefone móvel sem fios chamado Fujitsu ao qual a senhora referia-se sempre como o fugitivo. Isto ao longo de uma chamada inteira.
Uma outra chamada atendida, referia-se também ao mesmo telefone, em que a pessoa que ligou iniciou a chamada dizendo: "Olhe, eu comprei um fogão. Ai que disparate! Comprei um relógio Fujitsu e agora não consigo fazer chamadas." Digam-me o que se responde numa situação destas? Eu limitei-me a colocar em mute o telefone, ri-me um pouco e voltei à linha como se a cliente tivesse dito tudo correcto, ou seja, como se tivesse dito que tem um telefone Fujitsu. O mais grave é que durante a conversação a cliente referiu mais uma vez "o relógio Fujitsu". Será que estava mesmo convencida que relógio é sinónimo de telefone? Pois, não sei.
A PT Comunicações tem também um telefone portátil chamado PT Easy ao qual os clientes inventam os mais variados nomes. Só me lembro de alguns como o PT Iázi, o Iézi, o Iásei, o Zi...Já podem imaginar.
Um outro telefone disponibilizado pela PT é o Usetel Acis que tem um visor, como a maior partes dos telefones recentes da PT. A cliente em causa não conseguia ver o que estava no ecrã porque insistia que o telefone não tinha visor. Quando não existe este telefone sem visor. Após várias tentativas, a cliente lá verificou que tinha um pano sobre o visor e que nem sabia que o seu telefone tinha visor, tendo exclamado: "Que engraçado".
Outra chamada surreal referia-se a uma cliente que iniciou a sua conversa dizendo: "Olhe, boa tarde! Eu estou muito cansada da minha cabeça e precisava de descansar, não me podiam desligar o telefone por um bocadinho?" "Chocado" com o que tinha acabado de ouvir pedi à cliente para repetir a sua questão, ao qual a cliente confirmou o que tinha ouvido incialmente. Assim, informei que isso não é possível mas que poderá desligar o telefone da tomada para não ser incomodada. A cliente mostrou-se surpreendida e agradeceu.
Por último, a melhor. Uma cliente disse-me que tem um telefone preto ao qual chama de preto e um outro portátil que chama de pretinho. Isto após a resolução do problema da cliente. A cliente perguntou-me então quem eu acharia que seria a mãe. Eu respondi que não fazia ideia. A cliente insistiu: - Vá lá, então não advinha!? - Não. - Adivinhe lá, concerteza que deve ter uma ideia. - Sim, tenho mas prefiro não dizer (pensava eu que fosse a cliente). - Então a mãe é a base do telefone do pretinho. Para quem não sabe, a base é onde os telefones portáteis são colocados para carregar. A lógica da cliente é que a base é do sexo feminino e tem o pretinho em cima, ou seja, era como estivesse ao colo da mãe quando está a carregar. Imaginem se eu tivesse dito o que pensava. A bronca que seria. Contudo, a cliente mais à frente ainda disse que era a madrinha deles.

Agora digam-me se não é preciso ter paciência para aguentar estes clientes durante 13 horas seguidas, seis dias seguidos por semana? Percebem agora porque me refiro a este trabalho como algo desesperante e como uma fase que pretendo esquecer num futuro próximo?

Estas são apenas algumas das situações que me lembro e que me aconteceram, pois muitas mais aconteceram e aos meus colegas também, igualmente surreais.

1 Comments:

  • Uma frase que sempre me marcou bastante ao longo da minha vida foi: "It's important to laught at ourselves".
    Nestas situações temos sempre duas hipóteses, ou desesperamos ou rimos (não necessariamente num sentido literal). Se existe tanta ignorância no mundo e com que por vezes temos de lidar (uns mais horas que outros - embora deva confessar que 13 horas é dose) é na maneira como o fazemos que depende a nossa sanidade mental, por isso, amigo ri-te, ri-te com todas as tuas forças para que esta não se transforme numa fase assim tão má quanto isso.

    By Blogger G., at 25 abril, 2006 15:33  

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