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domingo, setembro 24, 2006

Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa

Hoje termina mais uma edição do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, que vai na sua 10ª edição.

Nunca tinha assistido a nenhuma edição e, desta vez, não queria deixar passar mais uma oportunidade.
Gostei do primeiro contacto, talvez por ter tido um convite e direito a festa, como todos os outros. Tinha curiosidade em ver que tipo de pessoas iria assistir ao Festival e que tipo de filmes iriam passar no grande ecrã. Gostaria de saber se era ali que iria encontrar pessoas realmente interessantes intelectualmente. Apesar de também esperar muito engate.
A nível de pessoas, felizmente vi muito pouco engate ou quase nenhum. Vi pessoas interessantes que olhavam discretamente numa tentiva de conhecer, ou apenas curiosidade. Mas sempre sem aqueles olhos de "comer". Gostei disso. Gostei do pequeno convivio a que decidiram chamar festa de abertura do Festival.
Já da segunda vez que fui ao festival, desta vez no Quarteto e, não no S. Jorge onde foi a abertura e encerramento desta edição, as pessoas eram totalmente diferentes. Pessoas de meia idade, algumas pessoas sem qualquer interesse e idosos enchiam a pequena sala abafada.
Por último, no dia de entrega dos prémios, ontem, a sala estava maioritariamente preenchida por mulheres. Não seria de estranhar, afinal as protagonistas do filme eram duas lésbicas.

No que diz respeito ao mais importante, os filmes, estes iam das coisas mais básicas ao melhor.
Confesso que a minha primeira impressão em relação aos filmes do festival foi má. Mas reflectindo melhor, achei que até foi uma boa selecção, apesar de ter ido apenas a quatro sessões. Embora algumas fossem preenchidas por vários filmes, visto alguns serem curtas-metragens. Estas eram, na sua maioria, ridiculas pois foram feitas apenas para ter protagonistas gays. Não havia história de interesse e muitas narrativas nem sequer tinham principio, meio e fim.
O prémio da melhor longa metragem foi entregue ao filme de abertura, Un Año Sin Amor de Anahí Berneri. O prémio, que segundo o júri, foi atribuido, entre outros aspectos, pela coragem na abordagem do tema da solidão nas pessoas, que a sociedade marginaliza. A meu ver um filme muito intenso e denso. Acho que não conseguiria vê-lo novamente pois mexeu muito comigo de forma incómoda. Talvez por isso tenha merecido o prémio. Embora, o filme Electroshock de Juan Carlos Claver exibido ontem no cinema São Jorge, tenha sido, a meu ver, o melhor filme. Contudo, não sei se estaria em competição, visto alguns filmes que foram exibidos não estarem em competição. Electoshock é um filme que foi baseado em factos reais e que retrata uma época em que uma mulher foi submetida a choques electricos, por ordem dos pais, num hospital psiquiátrico para cura do amor que sentia por uma outra mulher. Muito mais se passa ao longo do filme, embora este seja o tema central que desenvolve toda a história.

A organização do festival leva apenas um reparo: o atraso na exibição de alguns filmes, como o de ontem. De resto, tal como foi falado, acredito que tenha sido muito difícil toda esta organização, pelos mais diversos motivos apresentados ontem. Várias pessoas falaram, entre elas um vereador da câmara, a actriz Ana Zanatti (um dos membros do júri) e uma organizadora de um festival do mesmo género da Alemanha.

O balanço final deste festival foi, para mim, positivo. Para o ano espero lá voltar.