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segunda-feira, dezembro 01, 2008

Apesar de gostar, concordo com a critica abaixo

Safe Trip Home, Dido
Davide Pinheiro

Princesa da música sem sal, Dido troca-nos as voltas e transmite sinais à Terra de querer mudar a órbita da sua rota. A presença do comandante Brian Eno não é inocente.

Em «Safe Trip Home», a noção de espaço corresponde a uma viagem inter-estelar. Ouvem-se as respirações e o silêncio. Cada som tem exactamente uma função. Nem parece que estamos a falar de Dido, uma das princesas de uma nova música de elevador, pouco mais que competente na função de wallpaper.

Mas esta viagem é diferente. Claro que não é um «Music for Airports», de Eno e Fripp, porque o formato canção é obrigatório mas as imagens sugeridas são como pinturas abstractas de interpretação lata. «Safe Trip Home» respira tranquilidade e beleza. Chega mesmo a ser sedutor (como em «Never Want To Say It´s Love»).

Criado sem pressões, «Safe Trip Home» não sofre da necessidade de igualar os milhões de «No Angel» (1999) e «Life For Rent» (2003). De resto, nasce de um período sombrio na vida de Dido, condicionado pela morte do pai em 2006. Todos aqueles que defendem que a dor pode ser criativa vêm a sua tese reforçada.

Não está aqui a salvação do mundo mas não deixa de ser curioso que num momento de crise retalhista, um dos best sellers se situe num planeta tão afastado da Terra. O bónus para os mais cépticos é a presença de mestre Brian Eno. Dido transferiu-se para outra liga, mais exigente, e adaptou-se com facilidade.

in diariodigital.pt